A FUNÇÃO DO LEITOR
17 - Pelo exposto, compreende-se então que a função do leitor é verdadeiro ministério, hoje, felizmente, instituído, mas ministério que precisa ser trabalhado, orientado e enriquecido com formação bíblica e litúrgica. Pela sua própria função, o leitor deve ser visto como um arauto, pois por ele chega, inicialmente, a palavra de Deus à assembléia, como que preparando o caminho do evangelho, notando-se que a primeira leitura faz textualmente essa preparação com sua ligação temática. Com convicção, deve, pois, o leitor anunciar a palavra, e é desejável que seja ele o primeiro a acolher a sua própria força salvífica. De acordo com as normas litúrgicas, não cabe ao leitor explicar o texto proclamado, mas tão-somente proclamá-lo. Na liturgia, a explicitação da palavra de Deus só se faz na homilia.
18 - Dadas as considerações anteriores sobre a palavra de Deus,com vistas também para o ministério do leitor, deve-se levar em conta que, para cumprir a sua função ministerial, o leitor deve cumprir algumas exigências, além daquelas já expostas acima, exigências que diríamos mínimas, e de ordem técnica, que seriam:
a) - O cuidado pessoal com a voz.
b) - O correto uso de instrumentos de som.
c) - A correta vocalização, ou seja, o cuidado de pronunciar bem cada palavra, cada sílaba.
d) - Saber regular o volume da voz, de modo que todos ouçam bem o que é dito, especialmente em fins de frase. Não ler então para si mesmo, “para dentro”. Dosar também emissões fortes e suaves, de acordo com o texto.
e) - Saber regular também o ritmo da leitura, reduzindo ou acelerando a emissão segundo o caso, como também intercalando pausas, inserindo silêncio nas vírgulas, nos pontos, etc.
f) - Cuidar também da modulação da voz, mudando de tom, sempre que as variações do texto assim o exigir. O texto deve ser lido e interpretado de acordo com o seu gênero: profecia, narração histórica, texto sapiencial, carta ou epístola etc.
g) - Por último, uma recomendação de ordem física, a postura corporal. Esta ereta, com a cabeça levantada, olhando com freqüência a assembléia, a fim de que haja verdadeira comunicação e diálogo vivo. É claro que isso exige exercício e aprendizagem, que não se consegue logo no início. Muitas comunidades não colocam em prática o que aqui se expõe com receio de afugentar os leitores, como se o que aqui se afirma fosse algo negativo, e não incentivo a uma participação ainda mais viva e consciente. É de se esperar, porém, que a própria comunidade ofereça não somente aos leitores, mas a todos aqueles que exercem um ministério na Igreja, a oportunidade de crescimento para o exercício de suas funções.
19 - Finalizando, deve-se afirmar que, dado o verdadeiro sentido dialogal da palavra de Deus, conclui-se facilmente pela inconveniência dos chamados folhetos litúrgicos na missa, pois na liturgia da palavra somos chamados a ouvir, escutar, olhando para o leitor, e não para o folhetinho. Creio que seriam tais folhetos úteis apenas quando trouxessem: o texto das aclamações da Oração Eucarística, o texto dos cantos e as citações bíblicas das leituras, do dia e da semana seguinte. Mesmo assim, quando a assembléia soubesse de cor o texto das aclamações, o folheto poderia ser só dos cantos, no chamado “mal menor”.
Fonte: saovicentemartir
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